No dia 5 de outubro, sexta-feira, às 20 horas, a Sala Cecília Meireles recebe o espetáculo “Apoteose de Couperin – 350 anos”, em homenagem ao compositor francês François Couperin (1668 -1733), festejado em 2018 pelos 350 anos de nascimento. Em cena estarão um dos maiores especialistas em sua obra, o cravista francês Olivier Baumont, a idealizadora do concerto Rosana Lanzelotte (cravo), além de Silvana Scarinci (teorba). O espetáculo integra o ciclo França-Brasil da Sala Cecília Meireles e tem o apoio do Consulado e da Embaixada Francesa.
Couperin foi testemunha de uma das querelas mais famosas da história de música, que opôs o estilo francês ao italiano, dominante na Europa do século 17. “O gosto italiano e o gosto francês dividem há muito tempo a república da música”, afirma o compositor em 1724, quando escreve a Apoteose de Lully. A obra é uma alegoria da chegada de Lully ao Parnasso, onde se reconcilia com Corelli, o principal nome do barroco italiano na época.
Esta e outras peças de François Couperin serão contextualizadas por narração e elementos cênicos, recursos habitualmente utilizados nos espetáculos do Circuito Musica Brasilis, série idealizada em 2009 por Rosana Lanzelotte. Textos de autores franceses que, desde o século 16, descrevem os cantos, as danças e as práticas dos índios tupinambás serão revividos pela atriz Helena Varvaki e um conjunto de seis bailarinos egressos do Centro de Artes da Maré, local que abriga a Escola Livre de Dança da Maré e é sede do grupo da coreógrafa Lia Rodrigues. A roteiro é de Rosana e a direção cênica fica a cargo de Manoel Prazeres.
“O aniversário de 350 anos de François Couperin é a ocasião para relembrar as afinidades e os encontros entre as culturas do Brasil e da França. No início do séc. 17, pouco antes de nascer Couperin, cinco chefes tupinambás foram levados a Rouen e Paris. Sua presença excitou a curiosidade dos franceses e inspirou até a criação de peças musicais, como “Les Sauvages”, de Rameau. Após muitas pesquisas, encontrei o manuscrito de outra peça – a Sarabanda de Gaultier -, inspirada na dança dos tupinambás, que será apresentada no espetáculo pela primeira vez.”
Além do espetáculo na Sala, Olivier Baumont, que é professor titular de cravo do CSNMD (Conservatoire Supérieur National de Musique et de Danse) de Paris, ministrará master class para alunos da UFRJ e participa de projeção comentada do filme “Si Versailles était conté”, dia 2 de outubro às 20h, no Teatro Maison de France.
Programa
· François Couperin : Allemande – Musette de Choisi – Musette de Taverni (dois cravos)
Jean Philippe Rameau – Les Sauvages
Ennemond Gaultier – Sarabande (1664, inspirada na dança dos tupinambás)
· François Couperin – 13ª Ordre
Les Lis Naissants (Os lírios nascentes)
Les Roseaux (Os juncos)
L’engageante (A envolvente)
Les Folies Françaises, ou les Dominos
L’âme en peine (A alma que sofre)
· François Couperin – Apoteose de Lully
Lulli aux Champs Elysées concertant avec les Ombres lyriques
(Lulli nos Campos Elíseos conversando com as Sombras Líricas)
Vol de Mercure aux Champs Elysées, pour avertir qu’Apollon y va descendre
(Voo de Mercúrio aos Campos Elíseos, para avisar que Apolo ali descerá)
Descente d’Apollon qui vient offrir son violon à Lulli; et sa place au Parnasse
(Descida de Apolo, que oferece seu violino a Lulli, e seu lugar no Parnasso)
Rumeur souterraine causée par les Auteurs Contemporains de Lulli
(Rumor subterrâneo causado pelos autores contemporâneos de Lulli)
Plaintes des Mêmes …
(Reclamações dos mesmos…)
Enlèvement de Lulli au Parnasse
(Sequestro de Lulli ao Parnasso)
Accueil entre-Doux, et Agard, fait à Lulli par Corelli et par les Muses italiennes (Acolhida, entre sorrisos e ranger de dentes, de Lulli por Corelli e pelas musas italianas)
Remerciement de Lulli à Apollon (Agradecimento de Lulli a Apolo)
Apollon persuade Lulli et Corelli que la réunion des Goûts François et Italien doit faire la perfection de la Musique – Essai en forme d’Ouverture
(Apolo convence Lulli e Corelli que o encontro dos gostos francês e italiano deve fazer a perfeição da Música – em forma de Abertura)
Lulli, jouant le sujet; et Corelli l’accompagnant
(Lulli toca o tema; e Corelli o acompanha)
Corelli, jouant le sujet à son tour, que Lulli accompagne
(Corelli toca o tema, e Lulli acompanha)
La Paix du Parnasse, faite aux Conditions / sur la Remontrance des Muses françoises / que lorsqu’on y parleroient leur langue, on diroit dorénavant Sonade, Cantade ainsi qu’on prononce, ballade, Sérénade, etc.
(A Paz no Parnasso, feita nas condições / sob a proposição das musas francesas / que, a partir de agora, quando se falar sua língua, dir-se-á Sonada)
Sobre Olivier Baumont
Após ter obtido dois primeiros prêmios por unanimidade, é hoje o titular da classe de cravo do Conservatório Nacional de Música e Dança de Paris, um dos mais importantes centros de formação musical em todo o mundo. Convidado pelos principais festivais franceses (Montpellier, La Roque d’Anteron, Evian, Ambronay, Sablé, Ile-deFrance, Centre de Musique Baroque de Versailles), apresentou-se em recitais por toda a Europa, bem como Japão e Estados Unidos.
Sua discografia de mais de 40 CDs, todos aclamados pela imprensa internacional, compreende a integral das obras dos dois principais compositores do barroco francês: François Couperin e Jean-Philippe Rameau. Gravou ainda obras de J.S. Bach, Haendel, Purcell, Dandrieu e Chambonnières. Seu CD dedicado aos compositores contemporâneos do pintor Quentin de la Tour foi agraciado com o prêmio “Choc” da revista “Le Monde de la Musique”, uma das principais publicações especializadas em língua francesa.
Olivier Baumont editou diversas obras inéditas para cravo, de Corette e Balbastre (Edições Lemoine) e de Duphly e Lubeck (Edições Oiseau-Lyre). Escreveu livros sobre François Couperin (Découvertes Gallimard), Vivaldi (Gallimard-Jeunesse) e, recentemente, a primeira obra consagrada às atividades musicais em Versalhes, do séc. XVII aos dias de hoje (actes Sud).
Sobre Rosana Lanzelotte
Especializou-se em cravo no Conservatório Real (Haia) e na Schola Cantorum (Basiléia). Além da intensa carreira no Brasil, apresentou-se no Carnegie Hall (NY, 2010), Salle Gaveau (Paris, 2009) e Wigmore Hall (Londres, 1998 e 2004). Gravou obras raras de Bach e Haydn, sonatas inéditas do português Avondano e peças de compositores brasileiros a ela dedicadas. Resgatou as obras de Neukomm que inauguram o repertório de câmara no país, registradas – ao lado de Ricardo Kanji (flauta) – no CD Neukomm no Brasil (Biscoito Fino, 2009). Nominado para o Latin Grammy, o CD foi o vencedor do V Prêmio Bravo.
Idealizadora em 2009 do projeto Musica Brasilis ([http://www.musicabrasilis.org.br)/]www.musicabrasilis.org.br), instituto sem fins lucrativos que tem como objetivo o resgate e difusão de repertórios brasileiros de todos os tempos e gêneros, em grande parte inacessíveis por falta de edições, Rosana Lanzelotte colabora regularmente para a promoção da cultura francesa no Brasil, o que a fez merecedora da comenda Chevalier des Arts et des Lettres.
Serviço:
Data: 05 de outubro (sexta-feira)
Local: Sala Cecília Meireles
Endereço: Largo da Lapa, 47 – Centro – Rio de Janeiro/RJ
Ingressos:
– R$40 (inteira)/ R$20 (meia) *para estudantes, idosos e pessoas cadastradas no CadÚnico
– Estudantes de música: R$2. Compra somente no dia do espetáculo a partir de 1h antes do início da apresentação, mediante disponibilidade.
– Músico com carteira da OMB: 50% de desconto. Compra somente no dia do espetáculo a partir de 1h antes do início da apresentação, mediante disponibilidade.
Vendas a partir do dia 15/9 na bilheteria da Sala ou pelo site www.ingressorapido.com.br
Funcionamento da bilheteria:
Segunda a sexta: 13h às 18h ou até o início do concerto
Sábado, domingos e feriados: quando houver concerto, desde 1h30 antes do início da apresentação
Estacionamento rotativo: Acesso pela Rua Teotônio Regadas.
Contato: 21 2332-9223 / 2332-9224