A vida dos habitantes das favelas é algo que, apesar de ser uma realidade próxima de quem mora na cidade do Rio de Janeiro, muitos desconhecem, o que desperta terror e compaixão no espectador. Dependendo da situação.

Foto:apetecer.com
E este é o argumento de “Morro da Ópera”, peça que fica em cartaz até 27 de julho, no Sesc Copacabana. É o terceiro espetáculo original da companhia carioca Troupp Pas D’argent, com texto e direção de Marcela Rodrigues, que também compõe o elenco.
Cenografia e figurino prezam pela simplicidade. O elenco usa roupas com pouco acabamento. O que facilita na hora da troca (tanto de traje, quanto de personagem). Outro fator que traz essa característica é o dos elementos cenográficos, e isto dá margem para muita imaginação. Por exemplo, uma escada é utilizada para simbolizar a subida e descida dos moradores dos morros em suas casas. O capricho no caso está na iluminação bem feita, principalmente ao representar a luz da lua e do luar, quase sempre presente em cena. Também há outros recursos de que o grupo lança mão.
Os outros recursos a que me refiro são a música e a dança. O primeiro é um pouco óbvio, pelo contexto da história. O nome da peça é uma alusão à rádio local, a Rádio Ópera. E é com ela que os cinco atores iniciam o espetáculo e utilizam em alguns momentos, como o anúncio de notícias relacionadas à comunidade. Eles mesmos narram e cantam a programação da emissora. A dança entra em cena com vários movimentos coreográficos de ballet contemporâneo que o elenco representa.

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O grupo está muito bem em cena. Digo isso em todas as áreas: cantam, dançam e atuam muito bem. Os cinco são muito expressivos e passam para o público a emoção necessária para a dramaticidade que a história impõe. Principalmente durante o clímax do espetáculo, a enchente que assola o Morro da Ópera. Isto sem contar com o fato de que cada um deles faz, no mínimo, dois papeis. Além disto, os gêneros masculino e feminino não são totalmente respeitados na escolha do ator/atriz que interpreta o personagem.
Fora isto, a montagem narra a convivência, os conflitos, a rotina e os sofrimentos dos moradores do Morro da Ópera. Conta como as histórias se cruzam e dá uma mostra de sentimentos como raiva, amor, solidariedade e amizade. Emoções intensas, porém corriqueiras. Principalmente em se tratando de pessoas que vivem em habitações muito próximas, onde o limite do público e privado é menos definido. E, por este motivo, assuntos particulares acabam vindo a público, o que causa ainda mais conflitos.
Em suma, “Morro da Ópera” mostra que a Troupp Pas D’argent pode não ter argent, mas tem talento de sobra =)
SERVIÇO:
Morro da Ópera
Gênero: drama
Temporada: 3 a 27 de julho.
Local: Espaço Sesc de Copacabana
Endereço: Rua Domingo Ferreira, 160/ Copacabana
Dia/ hora: Quinta a sábado às 21h; domingo às 20h
Valor: R$20 (inteira) R$10(meia) e R$ 5 (associados do Sesc)
Bilheteria: de 3a a dom., das 15h às 21h.
Tel: (21) 2547-0156
Classificação: 16 anos.
Capacidade: 280
FICHA TÉCNICA:
Dramaturgia e Direção: Marcela Rodrigues
Elenco: Carolina Garcês, Lilian Meireles, Marcela Rodrigues, Natalíe Rodrigues e Orlando Caldeira
Figurino: Lilian Meireles e Orlando Caldeira
Cenário: Marcela Rodrigues
Iluminação: Luiz Paulo Nenen
Trilha Sonora e Direção Musical: Isadora Medella
P.S.: Agradeço à Lyvia Rodrigues pelos convites.